segunda-feira, 19 de março de 2012

Intercâmbio do Gustavo

Gente, desculpa pelo meu sumiço, mas eu ainda estou viva! As aulas começaram e agora tudo está mais corrido do que de costume. Mas pelo menos volto com boas notícias :) Bom, primeiro vou explicar do intercâmbio do Gustavo (meu amigo que foi pra Salt Lake City - post anterior). No fim ele acabou não escrevendo um texto contando, eu fui perguntando, e ele respondendo, então vou colocar a "entrevista" aqui em baixo.
N - Natália / G - Gustavo

N: Conta da família.
G: A famila era demais, ou melhor, é, porque continuo me comunicando com eles. Por eles serem mormans, tem algumas regrinhas mais chatas, tipo ir no culto de 3 horas todos os domingos, não usar faca nas refeições, só a mãe pra preparar a comida. Eles comem normalmente,a comida geralmente é macia pra que consigam cortar com o garfo, a pizza se come com a mão, e se tiver que juntar um poquinho pra colocar no garfo, eles usam o dedo ou botam a boca perto do prato e sugam a comida. Nos primeiros dias parece estranho, mas depois tu acostuma.Ah, morman também não bebe nada com cafeína, tipo café, coca, energético e outras coisas.
N: Mas tu podia tomar coca e essas coisas, né?
G: Sim, até em casa. A família nos liberou pra comprar o que a gente queria, mas não compramos, só um paulista que comprou energético, e teve gente que pediu para usar faca na mesa e a família liberou.
N: Ah, então a família era tranquila...
G: Sim,eu podia abrir a geladeira e pegar o que eu quisesse sem pedir. Nos primeiros dias eu nem pegava, depois eu perguntava se podia pegar, aí a mãe me disse não precisava pedir, eu podia pegar o que eu quisesse na geladeira ou na dispensa.
N: E era fácil de entender eles?
G: Sim, no primeiro dia tu toma um choque.Tu entende, mas tem que pensar um pouco para responder e tudo e tu esquece umas palavras bobas de nervoso. Por exemplo: fui explicar a vegetação do Rio Grande do Sul e ia dizer que é tipo grama, mas eu não me lembrava como se dizia grama, ai olhei pro guri que estava comigo e perguntei se ele sabia, e ele disse que não se lembrava também. Mas, depois que tu perde o nervosismo vai tri bem. Depois de uns 2 dias lá já era automático, nem precisava pensar. Era só responder. Tu responde e nem te dá conta de que ta falando inglês. Algumas vezes estava só os brasileiros conversando na casa ai, um olhava pro outro e dizia "por que a gente ta falando inglês se ta só nós aqui?".
N: Como foi quando tu te encontrou com a família?
G: A mãe nos encontrou no aeroporto e levou eu e o outro guri do Rio Grande do Sul pra casa, aí ela perguntou se nós queríamos ir na missa. 
N: E como foi?
G: Foi tranquilo... a gente só ficou um pouco sem jeito, mas o legal é que no carro ela puxou assunto, aí não ficou aquele silêncio chato.
N: E como foi encontrar o resto da família?
G: Encontramos eles na missa, aí foi um pouco mais tranquilo, conversamos um pouco ali, me enturmei com a irmã na missa mesmo. A amiga dela tinha umas coisas em português no Facebook e não sabia o que estava escrito, aí fui traduzindo. Conversamos um pouco, tudo isso enquanto a missa rolava. Quando chegamos em casa, jantamos e depois fomos jogar jogos de tabuleiro. Isso ajudou muito na nossa integração, pois Conversamos um monte.Já tinham 3 árabes na casa há duas semanas, e nós chegamos e fizemos mais coisas junto com a família em uma noite do que eles fizeram em duas semanas. Eles acharam isso sensacional. UMA DICA: não fica todo o tempo no quarto! Mesmo que tu tenha que fazer lição, estudar, ou mexer na internet.
Mexe no meio da sala e fica conversando com o pessoal. Isso é essencial. Quando os árabes foram embora da casa, a família mal se despediu deles. Quando nós fomos embora, um dos irmãos, o mais novo de 11, se abraçou em mim e começou a chorar, e a irmã de 15 também.
N: O que é pior: o encontro ou a despedida?
G: A despedida. Sério, eu estava muito feliz por ter conhecido todos eles, por me oferecerem pra volta. Me darem o incentivo de voltar e fazer o High School lá. Mas é um clima literalmente de funeral, é horrível, nem sei como explicar... é todos os sentimentos juntos, é um negócio que eu achei que era impossível de se ter.
Quando abracei meu irmão mais novo, que foi o primeiro a se despedir de mim, me passou um filme na memória das três semanas em 10 segundos. Aí quando vi ele estava chorando. Tipo, ficamos abraçados por uns 5 minutos. O pessoal disse, mas pra mim pareceu 30 segundos. Vai ficar muito confuso pra ti ententer. Tu só vai saber o que é isso se tu realmente te apegar a tua família.


Ta, a "entrevista" ficou meio grande. Sintam-se a vontade pra ler, ou não. O post não acaba por aqui. Tenho mais duas novidades:

1 - Recebi um e-mail da Cris (psicóloga da agência) marcando uma reunião para pais e intercambistas. Problema: é em uma terça-feira, aniversário do meu irmão, no fim da tarde e eu tenho turno inverso. Tri. Vou fazer o possível pra poder ir. Espero poder pra contar pra vocês como foi em um próximo post.

2 - Vocês se lembram que meu pai era totalmente contra o intercâmbio? Então, mission accomplished! Consegui convencer ele a deixar eu ir! Fiquei muito feliz no dia em que ele disse "mas é claro que tu vai ir!"

Ta, eu sei que esse post deve ter ficado meio "chato", não tem nenhuma foto/imagem :( Vou tentar ser mais legal nos próximos! Espero que vocês tenham gostado :)
Beijos, Natália.

Nenhum comentário:

Postar um comentário